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Como eu fui parar na Europa

por Fernanda

Eu sempre fui uma pessoa de personalidade forte e também nunca gostei de ser contrariada. Eu fui a primeira neta (menina) do lado do meu pai. Então, eu era o verdadeiro xodó do meu vô. Tanto é que ele comprou uma cadeirinha e me deu de presente. Eu via meu vô poucas vezes por ano, então sempre que eu chegava na casa dele, eu já queria ir para a minha ‘cadeira de princesa’. Lógico que isso causou um pequeno stress com minha irmã e prima que nasceram depois e não ganharam a tal cadeira (como traumatizar seus netos – parte 1).

Sempre rolava confusão por causa dessa cadeira e meu vô tinha que apartar as brigas, mas no fundo, eu ganhava praticamente sempre a disputa, porque as pessoas não tinham coragem de me contrariar. Como vocês podem perceber com a montagem abaixo, eu não era uma criança tão fácil de lidar.

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E foi assim a vida inteira. Eu sempre lutei pelas coisas que eram minhas ou que eu achava que tinham que ser minhas. A história da cadeira foi só para ilustrar o quão determinada chata eu sou desde sempre.

Não sou do tipo que aceita não como resposta. E quando eu coloco uma ideia na cabeça, nada e nem ninguém é capaz de fazer essa ideia desaparecer.

Como eu fui parar na Europa

E foi assim que a Europa entrou na minha vida. Conheci uma menina nas aulas de inglês. Ficamos bem amigas e ela começou a dizer que queria estudar em Londres. Naquela época, eu sabia muito pouco sobre Londres, mas quando comecei a pesquisar, eu decidi que eu tinha que morar lá.

Londres, meu amor, minha vida!

Londres, meu amor, minha vida!

Só que tinham vários problemas – a libra valia uns R$5 e meu inglês não era dos melhores. Mesmo assim, eu não desisti do meu sonho.

Um dia eu estava numa feira vendo cursos em Londres e possibilidade de conseguir uma bolsa de estudos quando dei de cara com um anúncio de estágio remunerado no exterior. Como eu já era formada, peguei os papéis pra dar pra minha irmã e ver se ela se interessava, mas sei que no fim das contas eles aceitavam recém-formados.

E eu decidi que eu iria participar do processo seletivo, que eu iria passar e que eu iria para Londres e ponto. Ninguém iria tirar aquilo de mim.

Eu passei, mas o máximo que consegui foi uma entrevista numa cidade no interior da Inglaterra. Como o salário não era bom e eu não conseguiria me manter só com ele, tive que rejeitar. Foi aí que Dubai quase entrou na minha vida. O ano era 2004, ninguém nem sabia onde ficava Dubai.

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Dubai, pelo visto não era para ser…

 

Sempre fui visionária, pena que a vida vive me pregando peças. A empresa acabou escolhendo um homem para essa função, pois envolveria muitas viagens para a Arábia Saudita e eu acabei ficando com a opção que restou, que era uma multinacional em Lisboa.

Na verdade, não é que só restou essa opção. É que quando eu coloco uma ideia na cabeça eu quero pra amanhã e não tava disposta a ficar nem mais um dia no Brasil.

E foi assim que eu finalmente cheguei na Europa. Não era bem o que eu queria, afinal eu precisava melhorar meu inglês, mas parece que um dos meus karmas era essa minha temporada em Lisboa. Foi lá que vivi os melhores e piores momentos da minha vida e foi lá que conheci, os que hoje são, meus melhores amigos.

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Lisboa, a cidade que eu aprendi a amar!

Mas, eu até que tava feliz. Tudo era festa. Era a primeira vez que eu iria morar sozinha e ser independente de verdade, até porque meus pais deixaram claro que não me mandariam nem um centavo durante o tempo que eu ficasse lá. Pedi demissão do meu emprego no Brasil, vendi meu carro e fui.

E confesso que cheguei tacando o terror em Lisboa. Eu tinha 22 anos e tudo que eu queria era festa. Só o fato de saber que eu podia fazer o que eu quisesse e não precisava dar explicações para ninguém me animava demais.

Mas a vida, ela é engraçada. Sabe quando dizem que quando você está procurando você não acha e vice-versa? Tudo que eu não estava procurando era um relacionamento sério, mas aconteceu 2 semanas depois que eu pisei em Lisboa.

E, olha que eu sou super racional e essa história de amor à primeira vista não cola comigo. Conheci o Felipe* num encontro de gringos que rolava toda quarta-feira num café perto do primeiro apê que eu morei em Lisboa. Achei gatinho e tal, mas foi só. Eis que no dia seguinte, ele me manda um e-mail dizendo que tinha sido muito legal me conhecer e blá blá blá.

Beleza! Na semana seguinte, lá estava ele no café de volta. Conversamos, ele me deu uma carona até a minha casa e aí foi o começo do primeiro relacionamento sério da minha vida.

Bom, eu tinha 22. Ele tinha 35. Não precisa nem ser muito esperto pra perceber que não daria certo. Mas, você pensa com o cérebro 24 horas por dia, 7 dias por semana. Aí, é só se apaixonar que tudo muda de figura.

Uma pena que a gente tenha se conhecido em 2004. Eu adoraria ter conhecido o Felipe nos dias de hoje, porque creio eu que, hoje, estaríamos com os mesmos objetivos. Naquela época, ele já tinha vivido aquela fase de festa que eu queria viver. Ele queria casar e ter filhos e não preciso nem dizer que se hoje ainda não estou preparada para isso, imagina lá em 2004.

Não foi dos relacionamentos mais fáceis, porque nós dois éramos continuamos sendo muito geniosos. Era faísca para tudo que é lado. Sem contar que além de estarmos vivendo momentos completamente diferentes, ainda tinha um gap muito grande em nossas finanças. Eu estava no começo da minha vida profissional contando os euros (literalmente) para pagar todas minhas contas fixas e ainda poder dar uma viajada pela Europa. E ele estava no auge da carreira, ganhando super bem. Lógico que ele podia pagar tudo para mim, mas eu sempre fui do tipo independente e também não queria que ele pensasse que eu estava com ele por causa de dinheiro (o que definitivamente nunca foi o caso).

Não sou muito de manter contato com ex (até porque meus relacionamentos nunca acabam de forma harmoniosa), mas com ele eu falo até hoje. Ele de fato casou. Teve um casal de filhos. A última vez que nos vimos foi em 2011, quando eu estive em Lisboa durante minha volta ao mundo. Impressionante como o tempo foi generoso com ele. Não envelheceu uma ruga. Segundo ele, eu continuo igual, apenas engordei um pouco. Em minha defesa: na minha humilde opinião, estou muito melhor hoje do que em 2004, mas, realmente, a gravidade não costuma ser a melhor amiga das mulheres e eu engordei. Mesmo assim, me sinto mais bonita.

Ah! E ele que sempre quis morar pra sempre em Lisboa voltou para o Brasil (ele é brasileiro).  E eu que nunca quis ficar para sempre em Lisboa, largaria tudo se eu pudesse voltar para lá (digo, se Portugal não estivesse na crise que está). Por essas e outras que nunca acreditei em destino.

 (O nome verdadeiro dele não é Felipe, mas foi uma homenagem para o Comer, Rezar e Amar).

 

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23 comentários

Blog Poltrona Livre 30 de julho de 2013 - 15:40

Muito bom seu post… Tenho a mesma vontade que você, só me falta coragem pra fazer essas loucura que ficam pra sempre na nossa memória. Parabéns!

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Fernanda 30 de julho de 2013 - 15:43

Acho que por isso que ainda fico chocada quando escuto pessoas que já são casadas com 22 anos. Quando eu tinha essa idade, tava me mudando para a Europa. Mas, confesso que é muito mais fácil ligar o “foda-se” com 20 e poucos do que agora. Mas foi uma época maravilhosa da minha vida e apesar dos perrengues, faria tudo de novo.

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Maiara Benedito 30 de julho de 2013 - 16:30

Comecei a acompanhar seu site e estou adorando, já li vários relatos de viagem e estou me inspirando para fazer as minhas!
Ah, eu tenho 23 anos e acabei de terminar um relacionamento com um cara de 28 pelo mesmo motivo: objetivos de vida diferente, eu quero conhecer lugares e pessoas, ele quer casar e ter uma família. Ainda tô naquela fase triste que sucede o fim, mas ler seu relato me fez ter a certeza do clichê “o mundo dá voltas”.
E se o mundo não der voltas, eu quem dou voltas por eles!
Curiosa para ler a continuação da sua história na Europa 🙂

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Fernanda 30 de julho de 2013 - 16:39

Sim, vou escrever mais capítulos sobre a vida na Europa (inclusive sobre o fim traumático da minha relação). Mas até um pé na bunda te faz andar para a frente e foi assim que eu acabei na Itália. rs

A tristeza um dia passa. Se você perdeu o cara é porque ele nunca foi seu de verdade. É o que prefiro pensar.

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marcelo barbosa 31 de julho de 2013 - 03:21

pq engordamos devido ao tempo!? em 2004, pesava uns 73kg, agora 114kg!
*tenho 1.91 de altura, o que me salva de ser roliço, rs

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Fernanda 31 de julho de 2013 - 16:15

eu tenho 1,58. Quer dizer…quero nem comentar. rs

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Ricardo 31 de julho de 2013 - 06:00

Que historia bonita e que determinacao! =)

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Fernanda 31 de julho de 2013 - 16:14

determinação é o que não faltará nos próximos capítulos. Essa foi só a primeira parte da Europa.

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Suelen 31 de julho de 2013 - 13:25

Heheh… Adoro essas suas histórias. Depois, quando puder, escreva mais sobre a vida em Portugal. #curiosa

Bjus!

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Fernanda 31 de julho de 2013 - 16:13

Sim, já tem outro post pronto. Em breve, já coloco no ar.

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Marcello 5 de agosto de 2013 - 15:30

Nossa, to amando esse site. E olha que o que me trouxe ate aqui foi buscar dicas p/ China, onde estou indo em dois meses. Acho que somos muito parecidos: fui morar em Coimbra e acabei sendo “levado” pra Londres. Amo essas duas cidades de paixao! Londres foi incrivel, o melhor ano da minha vida. Tbm me considero do “mundo”, pois ja morei 8 anos nos EUA, 2 na Venezuela, 1 na Espanha, 1 em PT e outro em Londres. Canso de estar no mesmo lugar muito tempo. Cheguei aos 40 agora e tenho q sossegar. Infelizmente, senao, continuaria nas minhas andanças. Minha mae fala que tenho alma cigana! Mas fiz muita coisa e vivi bem, acho que sou muito bem resolvido qto a isso. mas morro de saudades da Europa…..bj e obrigado por me fazer emocionar com esse blog.

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Fernanda 5 de agosto de 2013 - 18:50

Minha mãe também fala isso. hahaha. Eu tenho certeza que fui cigana em outra encarnação. hahaha

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Ana Six 9 de agosto de 2013 - 15:39

to adorando a saga, vou ler todos os capítulos.
Quero bastante detalhes quando chegar em Londres. Tb adoro aquela cidade,
beijos

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Fernanda 9 de agosto de 2013 - 19:43

Sim sim…logo chegaremos em London!

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Bruno Corrêa 22 de outubro de 2013 - 16:03

Adorei sua história e estou com muita vontade deir conhecer e quem sabe ficar em londres. meu inglês é péssimo por falta de tempo pra estudar e grana? sou extremamente econômico. mas quero a principio conhecer londres como turista, ficar 20 dias a um mês, o que vc me sugere?
bjo grande e obrigado

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Fernanda 23 de outubro de 2013 - 22:06

Sugiro isso mesmo – ir como turista, ficar em hostel pra economizar e ver se gosta da cidade. Se bem que 20 dias, eu faria umas viagens ali pra perto, na Inglaterra, País de Gales e Escócia.

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FERNANDA DA ROSA 12 de abril de 2016 - 16:07

Fê, meu nome também é Fernanda e estou indo morar em Portugal em breve. Ameeei suas histórias e fiquei com gostinho de quero mais, me achei sua best friend lendo tudo isso haha parecia até que vc estava pessoalmente me contando suas aventuras… quero muito saber o desfecho de tudo, onde vc está hoje..

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Liliane 7 de outubro de 2016 - 17:10

Oi Fernada.
Eu tenho 20 anos, ano que vem me formo em Direito e estou quenrendo ir morar em Londres. Só que o problema é que eu não tenho possibilidade de conseguir a cidadania europeia..Você conhece alguém que já conseguiu o visto de trabalho?

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Fernanda 9 de outubro de 2016 - 12:26

Oi, Liliane!
Não conheço ninguém.

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Paula Kent 6 de dezembro de 2016 - 21:33

Esse programa de estágio que você participou foi da AIESEC ou IAESTE? Pode dizer qual foi?

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Fernanda 6 de dezembro de 2016 - 22:02

AIESEC, mas conheci gente fazendo IAESTE também.

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Fabíola 9 de dezembro de 2016 - 17:08

Oi, Fernanda!
Vi no comentário acima que fez seu intercâmbio pela AIESEC. Mesmo tendo sido há alguns anos, achei válido fazer algumas perguntas.
O salário que você ganhava dava pra se manter e juntar um dinheiro para viajar? Ou você levou dinheiro?
Você teve dificuldade para conseguir a vaga em Lisboa? (Andei lendo no site da AIESEC e vi que vagas na Europa são meio que limitadas, e pela contagem de pontos eu teria poucos pontos). Obrigada !

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Fernanda 9 de dezembro de 2016 - 23:10

Levei dinheiro para 1 mês só. O salário era suficiente sim. Eu levava uma vida simples (claro), mas consegui juntar dinheiro para viajar sim.

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