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Sobre a vida no exterior

por Fernanda
vida no exterior

Sobre a vida no exterior: 850 euros, era tudo o que eu tinha quando fui morar em Portugal, 10 anos atrás. Na época, o euro estava quase na casa dos R$4,00 (aparentemente, qualquer semelhança com os dias de hoje não é coincidência). Eu tinha 22 anos, o que – acredite – é bem mais fácil para encarar qualquer desafio. Embora já tivesse um emprego garantido, não tinha lugar para morar, não sabia nada sobre Lisboa (ou sobre Portugal) e muito menos o que faria nos 12 meses do meu contrato de trabalho.

O conselho que dou quando me perguntam sobre a experiência de morar fora é sempre o mesmo: quanto mais jovem, melhor. Eu sei que falta maturidade (faltou para mim), mas é exatamente por isso que tudo é mais fácil. Dividir quarto, banheiro, casa com estranhos? Ok, no começo parece o fim do mundo e no final é tão triste quanto se despedir da família. Se você conhece alguém que fez intercâmbio (seja de estudo ou de trabalho), possivelmente já escutou a frase – “foi a melhor época da minha vida”.

E muitas vezes é. A minha certamente foi. Conheci pessoas maravilhosas que são meus amigos até hoje. Quando a gente se reúne, o assunto é sempre o mesmo: saudades daquela época. Hoje, temos maturidade para perceber que só foi tão bom porque éramos nós, na idade certa, na cidade certa, com a expectativa certa.

Muitos se adaptaram de volta ao Brasil e nunca mais pensaram em voltar. Esse (infelizmente) não foi meu caso. Desde que retornei (2006) não teve um dia em que eu não pensei em voltar de novo (mesmo sabendo que nada do que foi será do jeito que já foi um dia).

A síndrome do retorno é cruel. Se lá fora você morria de saudade de tudo no Brasil (até das coisas ruins), quando volta, a síndrome se inverte. Parece que tudo lá de fora é melhor e que a grama sempre foi mais verde. Você é que não sabia.

O problema é que a vida com dinheiro é boa em (quase) qualquer lugar. Não estou dizendo que é impossível ganhar dinheiro fora do Brasil. Só cheguei à conclusão (pelo menos para a minha profissão) que é mais difícil, leva mais tempo, consome mais esforço. Mas, mesmo sabendo de tudo isso, ainda acredito que é uma vida mais digna, uma vida mais igualitária, uma vida pela qual vale a pena lutar.

Quando coloco na balança tudo que gosto no Brasil, a primeira coisa que vem na cabeça é a espontaneidade. Quem me conhece sabe que dificilmente defendo o Brasil, mas quando esse é o assunto, sou a primeira a dizer: que maravilha que é a espontaneidade! Sabe aquilo de marcar qualquer coisa em cima da hora e conseguir cia? Pois é! É um tipo de coisa bem mais difícil no exterior. Se você chegar para um gringo e falar – “nossa, quanto tempo! Vamos tomar um café, colocar o papo em dia?” – possivelmente ele/ela irá pegar o celular e marcar na agenda um encontro para outro dia. Sim, diferenças culturais, todos temos, mas é difícil se acostumar.

Talvez por isso, os brasileiros acabam se encontrando pelo mundo afora. Em todos os países que morei, fiz muitas amizades com brasileiros. Por um lado, me arrependo, mas por outro, acho que não teria suportado sem eles.

A grande verdade é que ser “estrangeiro” não é fácil. Por mais que você domine o idioma, que você tenha a documentação, que você constitua família com alguém do local onde vive, você será sempre um estrangeiro. Terá saudades de muitas coisas (e muitas delas serão “saudades equivocadas” de coisas que já não são mais como eram ou do jeito que você lembra). Isso não é necessariamente ruim, é só uma constatação.

A vida no exterior está longe de ser perfeita, mas quem consegue se adaptar a tudo isso, já venceu metade do caminho.

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40 comentários

Ana Medeiros 4 de janeiro de 2015 - 13:01

Oi Fernanda! Há tempos não comento por aqui mas acho que preciso de alguma ajuda e talvez você e seus leitores tenham alguma dica para mim…
Vou viajar sozinha para Balneário Camboriú em fevereiro, não é a primeira vez que viajo sozinha, mas gostaria que desta vez fosse um pouquinho diferente, sei lá… tô falando de conhecer e falar com pessoas, fazer amigos. Não sou tímida, mas tenho enorme dificuldade nisso.
Como você faz quando viaja sozinha? Puxa papo assim, do nada? Sorri o tempo todo? rsrsrs
Um texto sobre algo assim seria bacana também!

Abraço para você e um feliz 2015!

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Fernanda 4 de janeiro de 2015 - 16:32

Oi, Ana!

Então, eu sou bem tímida. Não fico sorrindo o tempo todo e também não puxo papo. O que eu faço é ficar em hostels, dar um oi básico para as pessoas do quarto e me inscrever nas atividades diárias (passeios, etc.). É assim que eu conheço gente. Aqui no Brasil só viajei sozinha para o Rio e São Paulo (fiquei em hostels, mas também tenho amigos nas cidades, então foi mais fácil). To pensando em encarar Guarda do Embaú sozinha, mas talvez eu fique sozinha mesmo, sem falar com ninguém por dias. hahaha

O mais importante é: onde você vai ficar em BC?

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Ana Medeiros 4 de janeiro de 2015 - 18:22

Sério?! Você é tímida? Confesso que me surpreendi. Eu sempre imaginei que pessoas que viajam muito e sozinhas fossem sempre do tipo super descoladas… Sem muito sentido, mas eu pensava. Isso me enche de esperanças! Quando fui sozinha fiquei 7 dias sem conversar. Desta vez é meio que um projeto pessoal melhorar isso.
Bem, à princípio vou ficar em um hotel simples perto da praia para poder me locomover com facilidade à pé.
Se alguém quiser marcar alguma coisa por lá, eu adoraria!

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Fernanda 4 de janeiro de 2015 - 19:26

Sou tímida quando não conheço as pessoas. Depois, sou bem extrovertida. Lógico que depois de 1 ano viajando pelo mundo sozinha eu melhorei (e muito). Acho que você não terá muitas dificuldades para conhecer gente lá em BC. Quando você vai exatamente?

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Ana Medeiros 4 de janeiro de 2015 - 20:28

Pois é, eu escolhi essa cidade por que não é estranha para mim e gente e coisas pra fazer é o que não falta né?! Chego lá dia 01/02 e volto dia 11/02.

Fernanda 4 de janeiro de 2015 - 20:40

Vou jogar no twitter e ver se alguém estará por lá nessa época. Se eu descer, te aviso.

Ana Medeiros 4 de janeiro de 2015 - 20:43

Legal Fernanda! Seria ótimo! Obrigada pela gentileza!

Abraço!

Leticia 4 de janeiro de 2015 - 19:28

Oi Fernanda, voupassear na Colombia (Bogotá, Cartagena e Santa marta)em fevereiro, num total de 10 dias.Gostaria de saber quantos pesos são gastos por dia(alimentação)mais ou menos, pois pretendo comprar a moeda colombia aqui.Outra coisa os passeios opcionais que são oferecidos não precisam ser pagos com dólar, podem ser convertidos em pesos e pagos com esta moeda?obrigada

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Fernanda 4 de janeiro de 2015 - 19:38

Não gosto de opinar sobre valores, porque tudo depende do estilo da pessoa, quantas refeições irá fazer por dia, em que tipo de restaurante. Eu gastei menos do que gasto em Curitiba comendo na Colômbia. Fui com minha família, então o padrão dos restaurantes era um pouco melhor do que os que eu frequento quando viajo sozinha, mas mesmo assim, não gastava mais que U$20 por refeição (dá para gastar BEM menos). Eu pagava tudo em pesos.

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Mateus 4 de janeiro de 2015 - 21:03

Oi Fernanda! Um post na hora certa pra mim..como costuma acontecer por aqui.. ultimamente tenho pensado muito em morar no exterior (pelo menos tentar) depois da faculdade terminar, sinto q preciso disso.. e você me ajuda bastante com o blog..Obrigado! não costumo comentar muito mas to SEMPRE por aqui!

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Fernanda 4 de janeiro de 2015 - 21:24

Mateus,
como eu disse, é definitivamente a melhor hora para tentar. Eu tinha 22 quando fui. Agora estou com 32 e sei que vai ser muito mais difícil do que foi, mas nunca é tarde para recomeçar.

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Gabi 5 de janeiro de 2015 - 09:22

Fernanda! Feliz Ano Novo! que 2015 venha arrasando, que você viaje muito, que tenha muitas coisas pra contar e que se sinta muito feliz, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo! Quanto à morar fora, de fato, é tudo muito mais fácil quando se é novo. Quando eu fui tinha 20 anos, e a gente se joga sem medo, sem programação, é uma delícia. Mas to tentando não me abater com a idade não… nunca é tarde para recomeçar, e mais ainda, nunca é tarde pra seguir o que faz a gente feliz, né?

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Fernanda 5 de janeiro de 2015 - 19:46

Gabi, feliz 2015!
Eu também to tentando não me abater com a idade. A gente escuta histórias de gente que tentou com 50, 60 anos. Por que não daria certo para alguém com 33?

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Gabi 6 de janeiro de 2015 - 13:22

Outro dia vendo o chegadas e partidas da Astrid, vi uma mulher casada, dos seus 50 e poucos, com duas filhas de mais de 20 anos, toda ansiosa no aeroporto. Estava indo de intercambio para a França, estudar culinária. Aquilo pra mim foi um soco no estômago, e um alívio. Não tem idade, a gente sempre tem direito a um recomeço. E lendo os comentários mais embaixo, eu vi que você disse sobre estar fora da sua área há um tempo. Trabalhando em multinacional, aprendi que fora do Brasil tem menos (um pouco menos, mas menos) preconceito com isso. Na minha antiga empresa, que era irlandesa, contrataram para integrar a parte da minha equipe que ficava nos EUA uma mãe que estava fora do mercado há 7 anos e isso nunca pesou contra ela na decisão, que foi baseada nas experiências anteriores dela. Depois contrataram outra que estava há 4. Enfim.. pode ter sido ocasional, mas fiquei com isso na cabeça.

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Fernanda 6 de janeiro de 2015 - 22:04

Eu tenho a mesma impressão que o preconceito lá é menor. Começa pelo fato que você não deve colocar a idade no seu CV. Isso prova muita coisa.

E adoro Chegadas e Partidas.

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Katia 5 de janeiro de 2015 - 10:08

Ahh Fernanda como entendo o que você quer expressar neste post. já fiz intercâmbio e foi difícil retomar minhas atividades. hoje com 31 anos, morro de vontade de largar a vida no Brasil para recomeçar em outro cantinho do mundo onde uma vida mais igualitária como você disse, e digna em saúde, educaçào e segurança pública possam ser eficientes. Falta-me coragem e sobra-me covardia para seguir como almejo. Sint0-me segura no cômodo da minha vida em que conquistei tantas coisas e lutei para isso. Vivendo de concursos e estabilidade, Ainda permaneço, mas sei que não é o que quero. Quero sim, e repito sempre, é viver de saudades. A palavra mais linda que encontro no meu voacabulário de língua portuguesa, e uma das mais dolorosas também. Conheço vários tipos de saudades, e duas muito me angustiam: o que já passou e não volta mais, e quem já se foi e não te no mais o cheiro nem a voz por perto. E mesmo conhecendo muitas saudades, ainda almejo viver dela. Não sei quando irei recomeçar ou buscar um novo rumo, ou criar uma nova perspectiva, mas quero sempre crer que sempre há tempo para recomeçar. Abraçoss

Responder
Fernanda 5 de janeiro de 2015 - 19:45

Então somos duas, mas a estabilidade do meu concurso já não me interessa muito. Até porque eu não gosto do que faço e o salário nem é tão ótimo. Entrei porque era para ser um quebra-galho (achei de verdade que iria passar em um outro que era meu sonho, mas não passei). Agora peguei um asco de estudar e cheguei à conclusão que tenho que voltar para a iniciativa privada. Só que no Brasil isso não é uma opção para mim. Eu faço 33 mês que vem e estou d-e-s-e-s-p-e-r-a-d-a com a perspectiva de perder mais uns bons anos da minha vida fazendo o que não gosto.

Responder
Daniella 5 de janeiro de 2015 - 12:36

Fernanda, tudo bem? Sempre acompanho seu blog e este post parece que foi feito pra mim rs… Estou planejando me mudar do Brasil no fim de 2015. Vou casar em abril com uma pessoa que não tem passaporte europeu, mas eu tenho o italiano. Assim, nós conseguiremos ficar juntos no exterior e trabalhar. Nós dois já somos formados e temos bons e estáveis empregos aqui, mas a vontade de sair é tão grande… Temos MIL medos e por isso estamos nos planejando para ir com reserva de dinheiro e estadia garantida por alguns meses. Ambos falamos inglês, mas eu também falo espanhol e me viro no italiano. Só que nossa maior dúvida é: para onde ir?
A situação econômica da Europa não é das melhores e temos medo de não arrumar emprego nenhum (e nem achamos que vamos arrumar na nossa área, jornalismo e veterinária. Aceitamos qualquer coisa!)
Pensamos fortemente na Irlanda, porque é um país que fala inglês e seria mais fácil para arrumar emprego do que na Alemanha, por exemplo. Acho que com o tempo pode ser possível voltar para a nossa área de atuação.

Você tem alguma dica ou sugestão de como escolher o melhor lugar? Obrigada 🙂 Beijos

Responder
Fernanda 5 de janeiro de 2015 - 19:42

Oi, Daniella!
Então, minha amiga estava na mesma situação e está tendo problemas na França para conseguir o visto para o marido (casamento meio recente como será o teu). Já vai investigando isso aí, porque não é tão simples assim para casamentos com menos de 3 anos (segundo informações da minha amiga que está vivendo na França). Bom, ela está indo para a Alemanha porque tem mais a ver com a área dela e do marido e eles já falam o básico do alemão.
Não acho que a situação na Europa esteja ruim (estou falando dos países ricos desde sempre). Já pensei em Alemanha e Holanda, mas a barreira da língua me impede. Fui muito feliz em Portugal, mas sei que está quebrado, então está fora da lista (assim como Espanha e Itália que gosto muito, mas também estão quebrados). Enfim, ainda estou quebrando a cabeça com isso, mas, por enquanto estou no UK. Londres é minha paixão, mas ainda não sei se irei para lá no primeiro momento, para o interior da Inglaterra ou para a Escócia.
Meu caso também é difícil, visto que sou funcionária pública e estou fora do mercado tradicional e minha antiga área há quase 4 anos. Não sei como será para voltar, mas no começo também estou pensando em encarar (quase) qualquer coisa.
Minha opinião: não acho que a Irlanda está vivendo seu melhor momento. Eu também tinha pensado em ir para lá, mas desisti. A única vantagem da Irlanda é que o Google e Facebook ficam lá. Poderia ser interessante para quem trabalha com jornalismo. Trabalhar como veterinário lá será bem difícil. Com certeza terá que fazer validação do diploma e não acho que seja um processo barato e rápido. Já tem que ir com outra ideia na cabeça.
Acho que te atrapalhei mais ainda na escolha, né?

Responder
Daniella 9 de janeiro de 2015 - 19:24

hahahaha imagina! Esse é um sonho que compartilho com o meu noivo e vamos nos mudar de qualquer jeito. Qualquer opinião é válida e nos ajuda muito.
O consulado italiano me disse que, após o casamento, temos que levar os documentos lá (para atualizar meu estado civil e para que eles mandem os documentos para a Itália). No aeroporto parece que emitem um documento chamado Permesso di Soggiorno per Motivi Familliari e dentro de alguns dias temos que ir ao Comune onde estão os documentos da minha família para autorizar a permanência dele lá comigo. Essa autorização permite que ele fique comigo o tempo que for preciso, que trabalhe e tenha direito ao sistema de saúde. Só que não sei se isso vale só para a Itália e como seria o processo sem passar pela Itália, indo direto ao nosso destino (no caso, Irlanda).
Nós somos LOUCOS por Londres, amamos mais que tudo! Só que está fora de cogitação pelo preço. Temos alguns amigos que nos desanimaram falando que para viver lá é muito caro e emprego também é difícil. Como só fomos a passeio, não sabemos se isso é mesmo verdade. Outro lugar que nos encanta demais é a Holanda, mas é a mesma coisa que você disse: impossível pela limitação da língua.
Estamos cogitando Irlanda por ser um lugar bem recomendado por nossos amigos, um salário mínimo de quase 9 euros a hora e um aluguel de, em média, 750 euros mensais (andei pesquisando e perguntando para os amigos que moram lá). Teoricamente, se nós dois trabalharmos, dá para juntar uma grana e viajar bastante – que é nosso principal objetivo para os primeiros anos fora do Brasil.
Tenho meus parentes na Itália (tias, tios e primos), que poderiam nos dar abrigo caso tudo desse errado, mas não queria contar com isso. Como você disse, a Itália está complicada.
Vamos intensificar as aulas de inglês esse ano (começamos amanhã, eba!). Para ser jornalista em um país com outro idioma, preciso falar e escrever perfeitamente na outra língua. Enquanto isso não acontece, aceito outro tipo de trabalho fora da minha área – e ele também. Só que, claro, não acho que essa disposição vá durar para sempre (outro dilema/medo da nossa viagem).
Enquanto não decidimos, vamos juntando dinheiro… E também existe a possibilidade de mudar de pais se acharmos uma droga, né? Rs… A ideia é procurar emprego na nossa área ainda no Brasil, em meados de agosto. Qualquer coisa que pintar, se pintar, a gente aceita e vai. Se não rolar nada, vamos em janeiro de 2016 aceitando qualquer coisa.
Para todo mundo que mora fora e fez a mesma coisa que eu estou querendo fazer (largar tudo aqui no Brasil), eu pergunto: vale a pena? Todo o mundo diz que sim. Pelo menos essa certeza eu já tenho!

Responder
Fernanda 14 de janeiro de 2015 - 20:54

Não sei se emprego é realmente difícil em Londres. A economia de lá está melhor do que em Londres. Estou com a mão machucada, depois respondo com mais calma.

Responder
Jorge 7 de janeiro de 2015 - 14:02

Ola Fernanda,

sua publicação é naturalmente facil para mim, ter a identificação com a mesma.
Porque? Porque embora partilhe de tudo o que foi dito, considero-me neste momento … diferente

Com a sua idade mais jovem, tive tambem eu a motivação e a ambição de querer fazer intercãmbio fosse ele pessoal, academico ou profissional. Por vários motivos, que até há bem pouco me condenava, sinto que perdi a oportunidade de “ter os melhores tempos da minha vida”, longe de responsabilidades, aberto e predisposto a compreender novas culturas, enfim… nada a acrescentar ao que é variadamente dito em seu blog, a não ser o ENRIQUECIMENTO PESSOAL.

Mas… concretamente, quis deixar este comentário, para dizer NUNCA É TARDE!

Tenho 34 anos, namorei dos 17 aos 25, casei aos 26, fui pai aos 27, diretor geral de uma empresa aos 31, divorciado aos 32 anos.

Bom até aqui parece que sou um no meio de tantos outros… mas aos 32 anos apresentei rescisão (e acredite que não é facil na Europa aceitarem sua demissão quando está em certo tipo de funções), fiz as minhas malas e mudei-me para Franca (já com novo contrato), morei um ano em França sem saber falar Francês… e sim, se compararmos cultura Portuguesa com Francesa, não é de todo fácil a adaptação numa convergência de hábitos e rotinas de quem tem 32 anos e é timido e não fala a lingua.

Fiz os amigos que vc refere, amigos esses que me vieram visitar ao Brasil passado 1 ano, vivo em Curitiba há ano e meio, e com tudo isto, é notorio que quando se quer, se alcança… porque sou diferente, adorei toda esta experiencia, mas por mais que goste e continue a adorar, não é um futuro risonho sem criarmos um projeto de vida muito mais do que ser nómada e “jovem eterno”. Esse “saudosismo” inevitavel referido no seu texto, com a comparação da nossa terra, da nossa cultura quando estamos fora, nos faz querer regressar porque no final, seremos sempre um “gringo”… No meu caso, mesmo tendo feito de tudo (inclusive perder sotaque Portugues de Portugal), para me integrar e adaptar no Brasil, com esta passagem de férias de Natal… sinto que não pertenço aqui. Vai saber… se retornar à Europa, fico com saudades do Brasil…

Follow your dreams and keep smiling

No final penso que tudo se resume a um projeto de vida, seja ele na sua terra natal, no Brasil, na Australia, na Europa, wtv… ele tem é de existir, e talvez no seu caso, assim como o meu atualmente, é saber o que queremos sem parecermos imaturos com tal reconhecimento.

1 abraço

Responder
Fernanda 7 de janeiro de 2015 - 18:54

Nossa! Que história. Eu ainda acho (meu lado brasileiro da história) que quando o brasileiro quer, ele trata muito bem os estrangeiros. Conheço uns gringos aqui que acabaram se casando com brasileiros/as e não querem voltar de jeito nenhum para os seus países. Meu ex-professor de inglês voltou para a Inglaterra (os pais já estavam velhos e doentes) e reclama até hoje de saudades. E aqui reclamava do “jeitinho” do Brasil. É exatamente o que você falou. Aqui a gente sente saudade de lá e lá a gente sente saudade daqui. Não existe um mundo perfeito.
Eu não voltei (ainda) porque essa questão de ser para sempre estrangeira, não entender certas piadas, não entender muito da cultura (e não concordar com muitas coisas) é uma barreira. Ao mesmo tempo, a situação aqui no Brasil não é das melhores (nem economicamente muito menos na parte de segurança). O que me preocupa é exatamente isso. Cansei de ser prisioneira, de ter que andar com os vidros fechados, de esconder a bolsa dentro do carro, etc. Imagino que isso deve ser difícil para você também. Por mais que a Europa tenha os seus problemas (e eles estão aumentando), ainda é raro sentir a violência tão no dia a dia e do jeito que é aqui. Ontem mesmo vi um vídeo de um roubo de carro. Os bandidos mataram o motorista que NEM reagiu para levar o carro. Sua vida vale menos que o carro.

Responder
Jorge 8 de janeiro de 2015 - 10:16

Bem seu comentário não podia ser mais propício referindo a Europa. Todas as minhas idas a Portugal de férias, se resumem ao mesmo, visitar familia, amigos, e contar vezes sem conta as aventuras que ando a passar neste belo país. Ainda não tive de tudo, mas nem consigo imaginar a próxima que me irá acontecer, pois todas são surreais. Anyway… sempre que meus familiares ascendentes e amigos fartos de Portugal me falam de insegurança do Brasil. Por incrivel que pareça, casos como o que referiu são abominaveis num país que tem tudo para ser uma das maiores potências mundiais, mas por outro lado, e mesmo a calhar, minha resposta é: Sim, o Brasil é preciso cuidado, e o valor da vida não é respeitado, no entanto tenho mais medo de Paris do que viver em Curitiba … é … a sua colega blogueira apaixonada por Paris que me perdoe… mas sim a Europa tem os seus grandes crescentes problemas, mas a única diferença é o VALOR DA VIDA.
Mas com o acontecimento de ontem … dá que pensar, especialmente para uma jornalista como a Fernanda.. 😉

Abraços

Responder
Fernanda 14 de janeiro de 2015 - 20:56

Mas não tem como comparar atos terroristas com essa violência daqui. Como você bem disse, a diferença é o valor da vida. A diferença é que aqui a vida anda valendo menos que uma pedra de crack.

Responder
Fernanda 14 de janeiro de 2015 - 20:57

ah…e particularmente não me sinto segura em muitas regiões de Paris, mas como sou brasileira e estou acostumada a viver em constante neurose com violência, não digo que tenho mais medo de lá do que aqui.

Responder
Jorge 14 de janeiro de 2015 - 22:25

Bem visto… a cultura falando mais alto 😉 rsrsrs
Mas convenhamos que não se pode comparar Curitiba a São Paulo por exemplo, esta cidade de CWB poderia ser bem pior tendo em conta a “fama” do Brasil. Isso sou eu, avaliando tendo em conta preconceitos e imagens que se vão criando.
Abraço

Fernanda 15 de janeiro de 2015 - 21:27

sabe que proporcionalmente ao número de habitantes Curitiba é considerada mais violenta que São Paulo? Alguém me disse que o bairro CIC é o mais perigoso do sul do Brasil (não sei se é verdade). A pessoa diz que em taxas de homicídio por dia.

marcelao 9 de janeiro de 2015 - 13:27

otimo post. me sinto assim, morei na europa dois anos e EUA por 7. hj com 42 a idade me impede de me aventurar em certos tipos de servicos q ja fiz qdo mais novo….qdo se eh jovem se faz tudo com baita sorriso e sem medos. hj as dores no corpo ja impedem esses tipos de “aventuras”. morro de medo de SP. e amo Londres….bjs

Responder
Thiago Cesar Busarello 15 de janeiro de 2015 - 21:30

Muito bacana o texto Fernanda. Tenho vontade de morar fora um dia, fazer intercâmbio e tudo mais. Ainda estou deixando o tempo passar um pouco, mas só espero que não passe muito. Hehe.. Meu desejo é reforçar o inglês, viajar, conhecer novos lugares e depois voltar tinindo para o Brasil com muitas histórias para contar para os amigos e para a família. Em 2015 ainda não vai ser, mas por que não em 2016? Abraço!

Responder
Cristiane 9 de fevereiro de 2015 - 22:49

Olá Fernanda, tudo bem? Sou leitora assídua do seu blog, e tenho muita admiração por você. De uns anos para cá eu comecei a sentir uma vontade de morar um tempo fora do Brasil, por me sentir sem lugar por aqui. Mas me falta a coragem necessária para fazer isso. Trabalho em um banco público, tenho uma vida estável, porém meu sonho é sair por aí sem rumo, conhecendo o mundo como você fez, só que tenho 31 anos e um filho de 11, e meu dói o coração pensar em deixá-lo. Espero um dia poder realizar esse sonho junto com ele, até para, quem sabe, poder dar uma vida melhor para ele fora daqui. Seu texto me deixou muito emocionada, parabéns!

Responder
Fernanda 10 de fevereiro de 2015 - 06:55

Sim, eu entendo. Com filho tudo é diferente. Fico torcendo para que tudo dê certo para você.

Responder
Amanda 19 de fevereiro de 2015 - 15:23

Oi, Fernanda!
Conheci seu blog há pouco tempo e periodicamente faço uma visita, pra ler as novidades. Gostei bastante deste post e também dos comentários. Resolvi te escrever para pedir uma opinião também.

Fazem anos que planejo estudar no exterior mas durante muito tempo isso não foi possível por diversos fatores. Recentemente consegui me planejar financeiramente e fiz um intercâmbio de algumas semanas para estudar inglês, na esperança de que talvez esse curso me preenchesse e eu pudesse voltar ao Brasil satisfeita com minha rotina e contente em ter viagens temporárias para fora do país. Quando voltei pro Brasil, aconteceu o que eu temia: estou mais certa ainda de que quero fazer minha pós no exterior e morar um tempo fora do Brasil. Tenho 29 anos e vários fatores me dão medo. O lado financeiro da coisa é o que talvez muita gente pense: o risco de voltar pro Brasil e não ter emprego. Fica mais difícil ainda quando se tem um emprego estável e uma independência financeira, o que é meu caso.

Estou considerando duas possibilidades de ir para o exterior: a primeira é tentar diretamente uma bolsa de pós em um país de língua inglesa e só ir quando já tiver a bolsa (não sei se consigo esperar, mas já estou providenciando a documentação necessária) a segunda é fazer um estágio pela AIESEC (conhece?), e ir tentando uma bolsa de estudos no local que eu estiver. Eu tenho que decidir a questão da AIESEC em 4 meses, pois meu tempo está se esgotando dentro dos critérios da organização. Sei que é difícil opinar assim na vida das pessoas, mas talvez você conheça alguém ou tenha tido uma experiência do tipo que possa me ajudar a considerar fatores que talvez eu não esteja enxergando. Quais das duas opções seria mais indicada? Você vê viabilidade de, em um estágio no exterior, ao mesmo tempo candidatar-me para uma bolsa de pós?

Antecipadamente agradeço =)

Responder
Fernanda 20 de fevereiro de 2015 - 09:22

Eu fiz AIESEC. Acho que muita coisa mudou desde então (2004). Eu tentaria a bolsa de estudos. Qual país você está pensando?

Responder
Amanda 20 de fevereiro de 2015 - 10:44

Estou pensando em Inglaterra, meu sonho desde sempre, mas tudo depende de onde vou conseguir bolsa. Você tem alguma indicação?

Responder
Fernanda 22 de fevereiro de 2015 - 12:09

As bolsas do Chevening.

Responder
Gabriel 27 de março de 2015 - 02:58

Fernanda, com tantas experiências suas, a gente fica com uma enorme vontade de viajar e de conhecer todo esse mundo afora. Fui pro Québec (uma província incrível, em todos os aspectos, dizem até ser a mais européia da América do Norte) e para Ny, agora pretendo retornar ao Canadá (acho que a gente sempre quer voltar pra um lugar que nos tocou de alguma forma, ele sempre predomina na escolha), ou então ir pra algum lugar da Europa, devido a minha cidadania, acaba sendo mais fácil a última opção. Porém, mesmo com inúmeras vontades, de morar em um país mais seguro, conhecer novos horizontes e compreender o que é ser estrangeiro, a gente fica com aquela ideia fixa da saudade, da falta que nossa terra fará. Talvez por tanto tempo em uma Zona de Conforto e pela comodidade, talvez por medo, nunca se sabe. Um das maiores virtudes da internet é poder encontrar histórias como as suas, é muito bom não se sentir sozinho.
Obrigado 🙂

Responder
Fernanda 27 de março de 2015 - 08:17

Obrigada você por esse lindo texto, Gabriel!

Responder
Haiane Pozzatti 23 de junho de 2015 - 06:07

Comentario atrasado, mas como ja fiz o mesmo espero que ajude.
Me mudei do Brasil para Australia junto com o meu marido – na epoca namorado-para estudar ingles, recem formada em Psicologia e com pouca experiencia de trabalho. Foi ideia do meu marido, que tinha 33 anos e ja estava de saco cheio do Brasil, do emprego, da violencia etc etc
Fomos com o intuito de aprender o ingles, trabalhar no que fosse preciso e ele entao procuraria emprego na area de Engenharia. Mas dai veio a crise em 2008 e os planos se foram por agua abaixo.
Acabamos parando em Londres, e hoje moramos no interior de Bristol. Os dois com empregos (ele na area, eu ainda nao), estudei, compramos casa…enfim, foi dificil mas deu certo!
Durante todos os perrengues que passamos sempre tentamos manter em mente que se tudo desse muito errado, ainda poderiamos voltar pra “casa” e que a nossa familia estaria la para nos ajudar. As vezes deixamos de fazer escolhas pq parece que nao podemos voltar atras, uma vez escolhido nao se pode mudar de opiniao. Pode sim, e as vezes deve! Pq nao?
🙂

Responder
Fernanda 23 de junho de 2015 - 08:14

É, eu tenho pensado muito nisso. O problema é que eu não sei mais se tenho “casa” para voltar. Minha família hoje é contra eu me mudar de volta, até porque já fiz isso outras vezes.

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